Três câmeras do quilombo em que Mãe Bernadete foi morta não funcionavam por falta de recursos, diz família
A família de Bernadete Pacífico, uma das principais representantes do povo quilombola na Bahia, afirmou que três câmeras de videomonitoramento existentes no local onde ela vivia não estavam funcionando no dia do assassinato da líder, que completou um mês no domingo (17).
Os equipamentos foram instalados pela gestão pública estadual no Quilombo Pitanga dos Palmares, que fica em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador. A medida foi adotada porque a ialorixá fazia parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Governo Federal.
Apesar disso, ela foi assassinada na noite de 17 de agosto deste ano, dentro da casa onde morava, no território do quilombo, enquanto assistia televisão ao lado de três netos. Uma das testemunhas relatou que dois homens invadiram o imóvel e executaram Mãe Bernadete com mais de 10 tiros.
Das sete câmeras instaladas, apenas quatro contribuíram para o processo de investigação e três não estavam com funcionamento adequado, conforme familiares da ialorixá. As polícias Civil e Militar, que investigam o caso, não detalharam o conteúdo registrado pelos equipamentos ativos, na ocasião.
Segundo o advogado David Mendéz, representante da família de Mãe Bernadete, o problema se deu por falta de recursos. O custo médio de manutenção de um equipamento é de R$ 150. O orçamento total do programa é de R$ R$ 1.081.095,74.
De acordo com a ONG Ideas, responsável por gerir o programa, o valor foi estipulado por um convênio assinado entre os governos federal e estadual, no ano de 2022. O termo de colaboração vence em dezembro deste ano.